terça-feira, 11 de agosto de 2015

Luzes na Névoa (Final)

     Meu pai foi muito influente em uma máfia que mandava em todos os negócios de Burntown,  era o braço direito do homem que estava acima de tudo, o "manda-chuva". Os negócios iam bem, até que uma outra organização começou tentar ganhar espaço na cidade, mas meu pai, um senhor sábio, criou uma estratégia para quebrar os negócios dos "novos amigos", os mesmos, não gostando muito, começaram a contra-atacar botando fogo em mercadorias e saqueando carregamentos, não demorou muito para o meu velho agir, em uma estratégia que acabou com os velhos amigos e fez eles desistirem da cidade. Alguns meses se passaram, e meu pai , juntamente do Poderoso chefão foram brutalmente assassinados,assim gerando uma grande revolta dos membros do grupo, eu era jornalista investigativo e trabalhava em uma emissora grande e fiz de tudo para achar o assassino e fazer uma matéria sobre o ocorrido , a emissora e seus contatos me ajudaram achar o assassino e seus comparsas, após ter localizado, passei a noticia para o que havia sobrado dos integrantes e os mesmos deram um jeito, bem doloroso para todos os envolvidos em busca de achar os mandantes do crime, que já era bem obvio, porém eu havia pensado que os envolvidos haviam morrido, me enganei,e isso foi o meu fim.
    Após todo o ocorrido e eu estar aparentemente em meus últimos momentos, tentei argumentar com o meu futuro assassino mas não adiantou muito. Após narrar tudo que iria fazer comigo, desde me bater com tacos de golfe até queimar membros, me pegou pela camiseta e começou arrastar para a caçamba da caminhonete, eu sabia que as ultima coisa que eu sentiria antes dele me apagar ou algo do gênero era aquela lama sujando minhas calças e o ardor dos meus machucados em contato com a lama, ele bateu a minha cabeça na caminhonete, então enfiou a mão na caçamba da mesma e tirou um taco , como os dos jogadores profissionais de golfe, todo cromado e reluzente.
    -Você deveria ter ouvido a razão, e percebido que a morte do seu..-ele interrompeu a fala para me dar um golpe nas costas.
     -Pai..foi um bem para todos, e não fazer aquilo que fez comigo... pois é, você fodeu com a minha vida-  desferiu outro ataque na minha costela.
     O lunático começou uma sequencia de tacadas , em mim, acertando desde o rosto à canela.
     -Agora, vamos a segunda parte, o soco-inglês- o psicopata respirava ofegante e falava com felicidade.
     Não aguentava mais apanhar, já tinha sofrido por uma hora, e o torturador fazia questão de não deixar eu desmaiar. Então o cara lançou uma frase, que eu vi, por que o motivo de tudo isso.
     -Sabe, no dia do assassinato, eu estava nervoso, era a primeira vez que eu ia matar como missão principal, antes eu só fazia furtos, as vezes acontecia algumas mortes, quando aconteceu, seu pai estava junto do alvo, tive de mata-lo, o problema foram as consequências, eu só aceitei aquilo porque minha mulher estava com uma doença muito séria e nos tínhamos um filho, apesar de todos os furtos, eles ficavam a maior parte pro meu chefe,eu só era mais um capanga, após a morte do seu pai ,  acharam a minha família e mataram ambos na minha frente, de uma maneira bem "agradável" e após isso começaram torturas em mim até que colocaram fogo, e acharam que tinha dado conta do problema, pois é, eu to aqui, matando o cara que fez tudo isso acontecer.
     Pegou o taco de baseball de dentro da caminhonete, e começou a brincar com o taco, o jogando de mão e mão.
       -Sabe, eu vou deixar você fugir, mas da maneira mais difícil.-Ele começou desferir tacadas incessavelmente na minha perna com toda a força, eu já sentia minha perna quebrada .
        -Se você conseguir sair correndo, eu te deixo vivo, caso contrário, eu te meto uma bala na cabeça.
        Eu tentei me levantar, mas eu sentia a minha perna esquerda completamente mole e imóvel e a direita doía muito, eu comecei a tentar a pular em uma direção qualquer longe dele. Após algum tempo, ouvi a porta da caminhonete bater, eu ainda não estava muito longe, quando me virei, ele estava com uma escopeta.
        -Pois é, você não correu.-Carregou, mirou e atirou. Só me lembro disso.

   

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Luzes na Névoa (Parte 3)

    "Onde eu estou?" Esse foi o primeiro pensamento que eu tive após de acordar meio tonto ,amarrado por cintos em uma maca hospitalar. Ao observar o ambiente reparei que tinha uma agulha conectada a uma embalagem de soro , como as de hospitais que ficam em suportes, o liquido que tinha dentro do pacote era amarelo claro. A sala estava meio escura, mas tinha uma pequena luz iluminando o ambiente, o mesmo estava bem sujo mas aparentava ser uma sala de cirurgia, a unica coisa que eu não queria naquele momento era ser operado.
    Após alguns momentos, recobri completamente a minha consciência, e vi que as cintas estavam meio gastas,ainda bem que tinha isso ao meu favor, comecei a forçar na tentativa de estourar alguma delas.Após alguns segundos tentando consegui, com o meu pé, estourar as que estavam na perna,uma por uma, e forcei um pouco a da mão esquerda e me soltei. Livre completamente, tirei a agulha  do meu braço e fui agachado em direção a uma porta, abri ligeiramente e segui por um corredor, ele tinha pisos alternados entre preto e branco (Como em um xadrez) e uma luz amarela bem fraca, fui o mais rápido que a minha condição permitia, até que ouvi passos, rudes e estrondosos , como de alguém que não se preocupava com não ser notado, e esses estavam aparentemente em direção a sala que eu acabara de sair, então me movi até uma espécie de enfermaria e aguardei, até ouvir gritos enfurecidos. Logo após isso só consegui ouvir sons de passos pesados e rápidos vindo pelo corredor, entrei dentro uma de pequena sala na onde eu estava, lá dentro tinha um grande buraco que ficava no canto, eu observei e vi que era grande o suficiente para eu caber lá, peguei uma caixa de papelão que estava do lado, entrei na fenda e arrastei a caixa pra frente.
     Escuto os passos se aproximando, entretanto eles passaram direto pela mesma, minha respiração se acalma, porem não estou me sentindo bem, aquele fluido que foi injetado era alguma espécie de droga?! Meu corpo está ficando mole, não posso desmaiar, apagar agora significa uma possível morte. Sinto alguém chegando, pisando sorrateiramente , como se estivesse a procura de alguém, agora acabou para mim, é aqui que eu morro.Tudo fica negro e possíveis sons de movimento se aproximam e minha consciência vai indo embora cada vez que ele se aproxima.
      Como em um passo de mágica eu apaguei e voltei, é, ainda estou nessa "toca" , não ouço mais passos, acho que é a hora perfeita para sair e tentar dar o fora dessa carnificina. Arrasto alguns milímetros a caixa e não vejo ninguém, ao empurrar o caixote , saio do buraco e me posiciono de maneira curvada, sigo até a porta do local  e pego uma faca que estava em cima de um pequeno balcão ao lado da mesma.Tudo está indo bem , consigo ver uma recepção, ao me aproximar vejo que existem muitos Pitbulls guardando a entrada, eles pareciam estar dormindo, é melhor eu arriscar, pode ser a minha unica chance.
       Vou bem devagar até a porta, dou um leve toque e ela abre, sem ranger muito, quando saio do recinto me deparo com um grande terreno de concreto cercado de árvores, e pra melhorar tudo , estava de noite. Saio correndo através de sucatas e entulho até entrar na floresta, estava muito frio, tinha que passar por ali o mais rápido possível. Após alguns minutos correndo já não consigo mais ver o hospital ( que de fora não parecia nem um pouco um hospital mas sim uma construção inacabada e velha) sigo meu caminho por uma pequena trilha , estou com frio, medo e possivelmente drogado. Durante meu trajeto sem fim , estava me perguntando o porque de tudo aquilo, nada fazia sentido, eu era apenas um jornalista mal sucedido desde a morte do meu pai.
        Chego até uma pequena clareira, está um nevoeiro denso , não vejo nem dois palmos a minha frente quase, até que vejo algumas luzes na névoa vindo em minha direção.
       -Pensei que não te acharia nunca mais, coelho fujão- O meu raptor estava dentro de uma caminhonete.
        Ele abriu a porta, e logo correu em minha direção,levando um tempo que parecia infinito,pondo em conta tantas coisas que passavam em minha cabeça, o desespero que eu sentia era tanto que quando ele se aproximou eu peguei a faca de meu bolso e enfiei em seu rosto  e sai correndo direção à caminhonete , por sorte estava ligada, dei ré por uns metros até que o carro desligou e o brutamontes chegou até mim , me arrancou do carro e me jogou na lama.
       -UMA FACADA NO ROSTO?! HAHAHA EU NUNCA USARIA UMA MASCARA QUE NÃO SUPORTASSE AO MENOS ISSO ! VOCÊ VAI SOFRER TUDO O QUE EU SOFRI NA MÃO DAQUELES MERDAS GRAÇAS A SUA MATÉRIA NAQUELE MALDITO JORNAL POR CAUSA DO SEU PAI.
      Agora está tudo claro, ele é o assassino do meu pai, ele foi o cara que foi torturado pela máfia do meu falecido , ele era Eric , o homem que eu jurei achar após que descobri que meu ídolo foi assassinado por um bandido qualquer.
     
     
 

domingo, 9 de agosto de 2015

Luzes na Névoa (Parte 2)

    Pois é, eu nunca fui muito de seguir conselhos, principalmente dados em papeis. Lentamente fui me virando, minhas mãos estavam tremendo, eu nunca me senti assim, estava acuado como um animal aflito. Ao fim do movimento de rotação, me deparei com um homem, ele tinha um porte de fisiculturista, usava um macacão cinza (totalmente sujo e com uns rasgos) com as mangas arregaçadas ,uma bota preta e uma mascara de palhaço bem horripilante, pior do que em qualquer filme...Em suas mãos tinham facões e seu olhar estava focado exclusivamente no meu rosto. Na tentativa de fugir acabei caindo de costas , e fui me arrastando até a porta do apartamento. Ele começou a andar lentamente em minha direção, por sorte, a porta estava apenas encostada, me permitindo sair mais rapidamente.
    Uma das desvantagens de morar no sexto andar de um prédio antigo é que graças à ausência de um elevador, temos que descer bons lances de escada. Em minha velocidade máxima, segurando nos corrimões, eu desci todas as escadas até a porta da garagem. Entrei, e logo fui a busca do meu carro, um Fusca 79' , eu sempre deixava ele aberto com a chave dentro, porque eu sempre esquecia de pegar a chave de manhã no meu apartamento. Já estava saindo da garagem quando vi pelo retrovisor o homem na porta de entrada da garagem olhando para mim, eu estava a salvo, pelo menos eu achava.
   Fui à delegacia mais próxima prestar queixa do ocorrido, então ao chegar a minha vez de falar com o delegado eu esclareci o caso:
    -Senhor, qual o seu problema?-disse o delegado.
    - Então, eu sei que parece loucura, mas tem um homem, um homem morto no meu apartamento e tinha um cara lá..-Estava muito ansioso para conseguir falar, a face do delegado estava muito duvidosa.
     -Descreva o "homem" que estava lá.-Então eu descrevi e contei sobre todo o ocorrido.
     - Eu irei chamar dois policiais para acompanhar você ao apartamento e ver tudo.
     Estávamos subindo os ultimo degraus que dariam ao sexto andar quando me deparei com a porta fechada, eu havia deixado aberta.Falei isso aos policiais, eles sacaram suas armas e se prepararam para abrir a porta, ao abrirem, não havia nada, nem sangue, nem um homem morto e nem um maniaco. Eles olhavam para mim com cara de raiva.
    -Podemos revistar a casa?-Eles devem achar que tem drogas por ai, merda, não vão acreditar em mim.
     -Podem.- Eles foram à porta do quarto e começaram inspecionar tudo. Após um tempo eles acharam, na pia, o meu remédio para alucinações, eu tinha colocado uma fita branca nele e escrevi "para as alucinações" ,creio que isso me delatou.
      -Então, senhor, achamos isso- Ele mostrou o remédio- Tem algo a dizer?
      -Eu juro, eu tomei ele hoje de manhã!-Porém em minha mente eu não me recordava de ter tomado.
       -Tudo bem, então não será um problema você me acompanhar novamente até a delegacia e ter uma conversinha com o nosso médico de plantão, né?- Estavam vindo em minha direção e preparados para me agarrar caso eu tentasse fugir ou algo do gênero.
        Eu me deixei ser levado até a porta da minha casa, quando estávamos saindo, na base da escada apareceu o cara , ele estava com aquele homem no seu ombro e ele estava segurando apenas um facão. Ao nos ver ele subiu a escada rapidamente com uma fúria, os policiais abriram fogo, mas parecia só retarda-lo. Ele arremessou o facão em um dos policiais e no outro o homem em seu ombro. No meio dessa confusão eu estava encolhido no canto da parede. Após ele acabar com os policiais , ele veio em minha direção , marchando lentamente , ficou alguns segundos olhando fixamente e me pegou pelo pescoço e me levantou , ele estava me sufocando e eu tentava gritar mas nada saía , então quando eu estava prestes a desmaiar ele disse
   -Você está morto.


sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Luzes na Névoa. (Parte 1)

    Era um dia normal, eu esperava o alarme tocar as seis da manhã para me levantar e ter mais um dia normal de trabalho. Eu não era o gênero de pessoa que era feliz com a sua própria vida, mas levava meus dias com o maior entusiasmo que eu poderia tentar. Solteiro,sozinho, vivendo de aluguel, com certeza não era isso que eu planeja na minha juventude. As cobertas sobre mim tinham um poder mágico de aconchego que parecia transformar aquele momento,o despertar, em um dos melhores do dia. Me deparava com o meu quarto, já um pouco iluminado graças os poucos raios de luz que adentravam pela janela de meu quarto, o piso era frio e branco, como a neve, as paredes , de uma tonalidade creme , e do lado esquerdo de minha cama havia um criado mudo, que de mudo, não tinha nada.
   Objetos, decorações e sentimentos, isso que preenchia meu quarto. Quantas vezes não fixava meu olho do quadro, que ganhara de meu pai, e pensava todos os momentos que tivemos juntos, sei que ele já se foi a sete anos, mas ao mesmo tempo que ele se foi, a minha esperança também. Era órfão novamente, ao nascimento, virei órfão de mãe, e aos vinte três , de pai.
    -O alarme toca-
    - É, está na hora.- Todo dia eu fazia este monólogo para levantar mais rápido.Saí da cama. fui  ao banheiro, tomei um banho, após isso escovei os dentes e olhei no espelho.
-Olá- O desespero tomou conta de mim, um ser que não era eu no meu espelho, esfreguei os olhos e vi na pia, meu remédio estava ali, esqueci de toma-lo ontem. As Alucinações eram minhas amigas desde a morte de meu pai, sofria disso caso não tomasse meu tarja preta três vezes ao dia.Ontem não tomei devido a ter chegado tarde de uma festa, admito que estava muito bêbado, quase não me recordo de nada, trágico.
      Me arrumo, abro a porta do quarto, rumo à sala, e me deparo com uma pessoa morta, ensanguentada e com uma faca cravada em sua testa. Me aproximo lentamente do cadáver... Há um barbante e um papel amarrados na faca, ele está escrito algo...
   "Não olhe para trás"